PINCEL E PALAVRAS AO ACASO
PÓ DE SEMENTE
Vi nascer aqui a sua guia, coberta de pó.
Na semente que buscava
a luz
tão cheia de
esperança, de magia.
Atravessava o campo
descalça
sentindo nas solas, a
força da sua mansidão.
Me sentava em meio a
tanta confusão,
só para sentir o vento
que trazia o som da sua voz
sussurrada, em
palavras misteriosas.
Mas não importava.
Você estava lá,
seguro,
com aquele sorriso de
gato esperto
me trazendo
instabilidade.
É que precisava me
mexer
em meio a tanto caos.
Mas ficava saboreando ervas
amargas
que de alguma forma,
preenchiam o vazio dolorido no campo esquecido.
Ainda posso vislumbrar
a sombra do seu corpo
coberto com um cansaço
satisfeito
de quem sabe todos os
segredos do universo.
O fruto da cuieira
permanece em minhas mãos
guardando memórias só nossas.
O que mais posso
esperar
se não um reencontro
não programado?
Uma saudade abatida em
abraços
lembrada na sensação
do corpo.
Aqui, vi findar os momentos
onde a semente mágica
voou com o tempo,
carregando meu coração.